A SBOT SP entrevista Dr. Fernando Baldy dos Reis, presidente eleito da SBOT Nacional para 2024  

Em entrevista exclusiva para Sérgio Rocha Piedade, presidente da SBOT-SP, e Carlos Henrique Fernandes, 1º Secretário, Fernando Baldy, que foi presidente da Regional em 2007, contou sobre a história da Ortopedia Nacional, sua trajetória pessoal e familiar com a FCM/UNICAMP, sua formação acadêmica e profissional, além de expor os novos projetos para a SBOT em 2024. Confira abaixo:

Por Sérgio Piedade e Carlos Henrique Fernandes  

 

Fernando Baldy ao lado de Carlos Henrique (à esquerda) e Sérgio Piedade (à direita)

Breve Curriculum 

  • Graduação em Medicina pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP (1982)  
  • Mestrado em Ortopedia Cirurgia Plástica Reparadora pela Escola Paulista de Medicina (1990)  
  • Doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Ortopedia e Traumatologia da Escola Paulista de Medicina (1994).  
  • Livre Docência em 2001 e atualmente e Professor Associado do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da UNIFESP/EPM.  
  • Chefe da Disciplina de Traumatologia a partir de 2006, e vice-chefe do Departamento de Ortopedia por duas gestões (2010-2013, 2013-2017).  
  • Chefe do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Escola Paulista de Medicina (2019-2022).  

Como começou a Ortopedia no Brasil? 

O primeiro serviço Universitário em São Paulo foi na Santa Casa de São Paulo, porém o que funcionava na Santa Casa de São Paulo era a Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo que depois passou a se chamar USP. 

O nascimento do Pavilhão do Fernandinho Simonsen foi através de uma doação da família Simonsen para o professor Luís Manoel de Rezende Puech, quem fundou e construiu o Pavilhão.

No início, a Universidade de São Paulo funcionou lá dentro até a construção do Hospital das Clínicas. Aí eles saíram e quem ocupou a Santa Casa de São Paulo com a Faculdade de Medicina foi Escola Paulista de Medicina que funcionou até os anos 60, quando a Irmandade de Misericórdia de São Paulo fundou a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 

Durante um certo tempo a Ortopedia da Escola Paulista e da Santa Casa funcionavam no Pavilhão Fernandinho, que na verdade era um hospital ortopédico, enquanto o hospital da Escola Paulista de Medicina era um Hospital geral: o Hospital São Paulo. 

O Professor Hungria, que era professor da Escola Paulista e da Santa Casa, resolveu, em comum acordo com a administração da Santa Casa, se separar. Então o grupo se dividiu e o Dr. Waldemar de Carvalho Pinto, que era muito seu amigo, ficou com ele na Santa Casa e os outros seguiram para a Escola Paulista de Medicina. Por isso que muitos desses precursores da Santa Casa de São Paulo também foram da Escola Paulista porque na verdade tudo era um departamento só. 

Então, embora o início tenha sido na Santa Casa de São Paulo, tudo começou na USP? 

Sim, no início era a USP que estava na Santa Casa, pois era um Hospital grande e neste momento ainda não existia o Departamento da Santa Casa, portanto tudo foi iniciado e moldado na USP. 

E a Ortopedia em Campinas, quando começou? 

A Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp começou na Santa Casa de Campinas, a Faculdade de Ciências de Cirurgia e Medicina de Campinas era dentro da Santa Casa. A fundação da Faculdade foi nos anos 60. 

Depois, com a incorporação da Faculdade de Ciências Médicas para a Unicamp com a criação do Unicamp pelo decreto-lei juntamente com o Zeferino Vaz, que fez também a mesma coisa na Ribeirão Preto quando ele acabou a Faculdade Medicina de Ribeirão Preto, ele veio para Campinas e fundou a UNICAMP. 

Aí começou tudo lá e no ano de 1983, se não me engano, foi inaugurado Hospital das Clínicas. Havia professores da Faculdade de Medicina e Cirurgia de Campinas que já existia, e o Dr. Rossi foi o primeiro professor Universitário do Serviço. Na época ele era professor da USP (não era titular) e vinha na Unicamp. 

Posteriormente, o Diretor da Faculdade na época, juntamente com a reitoria, queria alguém talvez da cidade ou trazer alguém para lá e com o contato do Zeferino Vaz em Ribeirão Preto, o Köberle que era assistente da Ribeirão Preto, foi convidado para vir. Ele prestou exame para ser titular em 1982 ou 1983 e se tornou o primeiro professor titular do Departamento. 

Como foi a sua história em Campinas? 

Meu pai era vice-reitor da PUC/São Paulo e era muito amigo do Zeferino Vaz. Quando ele montou a Unicamp ele chamou meu pai e algumas pessoas da Faculdade de Educação da PUC para formar o núcleo de Educação lá na UNICAMP, então ele foi para lá em 1975 e se aposentou lá depois. 

Em 1976 eu entrei na Graduação em Medicina da FCM/UNICAMP.  Nessa época, meu pai queria todo mundo na UNICAMP, e acabou sendo assim, todos os 7 filhos fizeram faculdade na UNICAMP.

Tenho um irmão, que é médico ginecologista, uma irmã que foi se aposentou onde ela era titular da educação física na Unicamp e os outros irmãos que foram alunos também. “bom…eu gosto muito da UNICAMP” 

O dilema entre a Residência em Ortopedia ou Neurocirurgia? 

No sexto ano eu estava dividido entre Ortopedia e Neurocirurgia. Eu queria fazer alguma coisa cirúrgica. Bom…eu tenho um primo já falecido que era ortopedista em Andradina e ele foi colega de turma em Ribeirão Preto do Schmidt. Assim, por intermédio dele, eu procurei o Dr. Schimdt, conheci o Dr. Tucci e o Prof. Köberle lógico, e passei a entrar em cirurgias com eles.

Foi assim que me envolvi com a ortopedia e gostei muito e decidi pela especialidade. 

Em 1984, eu entrei na residência médica na UNICAMP. Eu fiz primeiro e segundo ano e em seguida eu fui para o exterior e, entre 1986 e 1987, fiz 2 estágios de aperfeiçoamento no exterior em cirurgia da mão e microcirurgia, nos serviços Kantonsspital, St. Gallen/Suíça e Jackson Memorial Hospital, JMH/Estados Unidos. Ao retornar ao Brasil eu fiz exame da SBOT. 

E o esporte na sua vida? 

Durante a graduação eu fui da atlética da UNICAMP e Futebol e Tênis de Mesa foram os meus esportes. Durante a residência e após concluída a residência atuaconcluí-la, eu atuei como estagiário e como médico da Ponte Preta.  

“…foi um momento bom, mas não era a minha praia e segui com outros objetivos como pós-graduação”. 

O concurso de Livre Docência do Professor Laredo e a sua pós-graduação?  

Quando o professor Laredo fez a sua Livre Docência na Unicamp, eu era R2, e durante os três dias de exame, o Prof. Köberle me incumbiu de acompanhar o Dr. Laredo, durante o seu deslocamento entre as provas (escrita, prática…)  

“…eu fiquei meio que pajeando o professor Laredo durante o seu Concurso de Livre Docência…”  

Esta convivência com o Dr. Laredo foi importante, pois quando ele acabou as provas, ele me falou… “se um dia você fizer alguma coisa na Escola Paulista, eu serei professor e poderei orientá-lo ou ajudá-lo caso fosse necessário.” 

Assim, após voltar do estágio no exterior para na Unicamp, eu decidi procurar novamente o Professor Laredo.

Durante a conversa que tive com ele, eu disse que queria fazer pós-graduação. Eu tinha algumas ideias que trouxe do exterior na cabeça para desenvolver. Ele rapidamente me aceitou e chamou o Dr. Faloppa para conversar e me colocaram no grupo da mão. Assim, eu fiz o meu Mestrado e Doutorado. 

Disciplina de Trauma ORTOPÉDICO da UNIFESP 

Posteriormente, nos organizamos o serviço de Traumatologia Ortopédica juntamente com o Nelson Mattioli, Raph (Santa Casa). O grupo foi reorganizado com o tempo e ficamos eu e o Hélio Jorge no grupo e assim, acabamos criando a primeira disciplina de Trauma Ortopédico do Brasil.

O Professor Laredo transformou a Disciplina de Ortopedia no Departamento de Ortopedia e o Professor Albertoni criou a Disciplina da Cirurgia da Mão, Professor Moisés, a Traumatologia do Esporte, Professor Danilo Masseiro a Fisiatria e nós fizemos a Disciplina do Trauma. 

Você poderia nos falar sobre os projetos da SBOT Nacional em 2024? 

É importante dizer que não fazemos nada sozinho, pois os Projetos da SBOT Nacional são fruto de trabalho conjunto, que tem uma sequência entre as três diretorias. Nossas propostas são em linhas gerais, melhorar a governança, ao mesmo tempo aprimorar o exame da SBOT.

As dificuldades impostas pela pandemia nos fizeram pensar em novas formas de avaliação que estão sendo discutidas, como considerar avaliar os residentes a cada ano, pois isto permitirá aos próprios serviços identificar mudanças, correções e tomada de decisão para contribuir com o ensino e formação dos nossos residentes.